terça-feira, 30 de novembro de 2010

O NEAFA E O BICHO HOMEM

Nunca se ouviu falar tanto em relacionamento, mais uma regra para se estar na moda. Prova disso está nas redes sociais e comunidades, onde se tem um número absurdo de conhecidos, alguns amigos e muito tempo perdido, afinal, amigo de verdade estão do nosso lado, independente da distância, humor, tempo ou circunstâncias. No entanto, o que vemos frutificar na atual sociedade é o descaso causado pela falta de compromisso. Sentimentos são considerados, desde que traga algum tipo de retorno, caso contrário, não temos tempo útil para “perder”. Uma sede absurda por prazer nos torna quase que máquinas, e o pior, a sensação de saciedade nunca chega, nos dando ao final do dia a leve impressão que deixamos de fazer, de falar ou de sentir algo loucamente bom. Viciados, vivemos de maneira egoísta e ainda acreditamos que este é o melhor caminho a seguir... Será?
Vejamos o exemplo dos animais de estimação: Adotamos, alimentamos e damos condições básicas para sua sobrevivência, e o resto parte dele. Carinho, afeição, dedicação e principalmente o perdão são características natas dos “pets”, que não se importam se você passou o dia inteiro fora ou saiu apenas para ir à padaria da esquina, ao retornar para casa, a festa ao te reencontrar é a mesma.
Há uma lição nisso. Algumas pessoas têm sensibilidade para perceber a incrível troca que pode haver entre humanos e animais, tanto que há uma acepção quase que familiar para animais domésticos no seio da maioria dos lares, numa esfera mundial.
Mas daí vem a pergunta: Até quando?
Se o animal tem saúde, nos serve. Caso contrário, jogamos fora como a maioria das coisas que se tornam inúteis quando encontramos algo melhor para substituí-las. Se adquirem alguma enfermidade, vemos o animal padecer inertes ao sofrimento, por não querer gastar dinheiro com um simples bicho. Se pela natureza procriam, abandonamos mãe e filhotes num terreno baldio qualquer, ou pior, separamos a mãe de suas crias e jogamos fora como se não tivessem vida.
Criamos nossos animais como membros de nossa família, mas quando precisamos dedicar alguma atenção especial, daí descemos sua patente e o tratamos como um objeto já quase fora de uso, ou ainda, mal temos condições financeiras de manter os membros da casa, as contas em dia, como então ajudar um animal de estimação num momento delicado?
Dados da AILA (Aliança Internacional do Animal), instituição fundada em 1999 e que defende os interesses dos animais, afirmam que cerca de 16 milhões de cães e gatos nascem todos os anos no Brasil e que, desse total, sete milhões vivem desamparados pelas ruas.
Não existem dados precisos sobre a quantidade de animais abandonados no Estado de Alagoas, estimando-se que a população de gatos e cachorros que vivem pelas ruas da capital, Maceió, corresponde há aproximadamente 10% da população humana. 
Ai entra a ação do Núcleo de Educação Ambiental Francisco de Assis, com participação significativa no que tange principalmente sobre a responsabilidade real sobre criarmos outro ser vivo sob nossos cuidados.
Seu principal alvo é minimizar o abandono de animais nas ruas, e dar assistência às famílias que gostariam de cuidar melhor de seus pets, mas não tem condição para fazê-lo.
O NEAFA tem como mais importante atividade a esterilização de gatos e cães da população carente, resgatados nas ruas e/ou semi domiciliados.
Além disso, realiza atendimento clínico veterinário gratuito, vacinação, promove adoção de animais e a conscientização sobre a posse responsável de animais e respeito ao meio ambiente.
O detalhe é que esta instituição consegue se manter sem nenhuma ajuda governamental, através de doações e voluntários, que vão de donas de casa, até ótimos veterinários, que fazem, de fato, o projeto ser um sucesso há anos.
Mas até onde se é possível ir com pouca infra estrutura, doações sazonais e uma vizinhança de dura cerviz que além de não apoiar, ainda reclama, por conta da movimentação local? A resposta é: muito longe.
No último mês de julho, o Governador Teotônio Vilela Filho aprovou uma lei estadual que proíbe a utilização de animais em apresentações circenses, projeto este que partiu de uma solicitação do NEAFA aos órgãos competentes para que tal prática fosse abolida. Além disso, feiras para adoção são promovidas e vacinações em massa também. Tudo visando o bem estar coletivo.
Então voltamos ao princípio, onde o senso comum tem sido distorcido, e percebemos que ainda podemos fazer a diferença no bom sentido. Que bom seria se fôssemos mais racionais e menos egoístas, ao ponto de nos colocarmos no lugar do outro e “gastássemos” nosso tempo com aquilo que realmente importa: ajudar a quem precisa, quando está ao nosso alcance em fazê-lo. Se nos portássemos de acordo com nossa consciência reflexiva, então, daríamos uma atenção maior o que nos cerca, deixaríamos o inanimado de lado e encontraríamos nas coisas simples, como um bichinho brincando na sala de casa, finalmente o que buscamos cega incessantemente: paz.

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